A Priscila jura que me alertou que era uma indiada, mas eu me lembro apenas do nome “Aparados da Serra”. Se ela falou que fariamos 100 km por dia por estradas capazes de desmontar carros, eu não me recordo. Mas lembro bem que ela falou que passaríamos por dentro do parque nacional, e que seria um belo passeio. Para o mal e para o bem, as duas coisas se confirmaram, e o passeio foi inesquecível.
O plano era o seguinte: sair de Tainhas, que faz parte de Cambará do Sul, cruzar o parque nacional de Aparados da Serra “de trás pra frente”, descer a serra do Faxinal e dormir em Torres, completando uns 100 km (veja no GPS). Pedalar mais uns 90 km pela planície litorânea no segundo dia, indo dormir em Timbé do Sul (veja no GPS). Fechar o passeio no terceiro dia, subindo os 1,250 metros da serra da Rocinha e voltando a Cambará do Sul, em “apenas” 65 km (veja no GPS). Só que a história começa a uns 400 quilômetros de distância, em Florianópolis.
Era véspera de feriado de 15 de novembro e, para evitar o trânsito maior, consegui sair do trabalho na hora do almoço. Já com a bicicleta no teto do carro, segui para Palhoça, onde encontraria meu parceiro de viagem, que ainda nem conhecia. O Wilson, gente boa das boas mesmo, é amigo do Giba, o organizador geral da bagaça. A viagem para o sul foi longa, com vários trechos em obras e com pista simples. Mas estávamos sem pressa, afinal nosso “compromisso” era apenas no dia seguinte. A tarde foi passando e pegamos o pôr do sol na subida da Serra do Pinto. Com o trânsito todo no sentido contrário, pudemos curtir o belíssimo visual da estrada, que têm vários túneis e sobe por enormes paredões.
Chegando em Cambará, fomos direto para a Pousada Simone, uma dica que tirei do não tão bonito, mas excelente fórum Mochileiros.com. Fomos recebidos pelo Seu Alcides, que ignora os seus quase 80 anos e recebe os hóspedes com disposição e bom humor. A pousada é simples, mas bem conservada e com boas camas. O preço, de R$ 40 com café da manhã, foi um achado para uma cidade turística em pleno feriado.
Deixamos logo as mochilas e as bicicletas no quarto e fomos atrás de algo para comer. A ideia inicial era buscar um sanduíche qualquer, mas acabamos encontrando um belo crepe de linguiça, queijo e geléia. Uma combinação aparentemente estranha, mas muito boa. Pra acompanhar, uma cervejinha pale ale. Tá bom pra dormir, né?
***
Acordamos cedo. Como o Seu Alcides dependia do pão de uma padaria para começar o café, e nós tínhamos pressa, ele sugeriu que fossemos tomar café na padaria mesmo. Que ficássemos a vontade e que depois ele acertava lá. E foi o que fizemos, dado aquela caprichada, pois o dia seria de pedal longo.
Fomos ao ponto de encontro, o Café Tainhas, e não demorou muito para irem aparecendo os nossos colegas de pedalada. Neste primeiro dia em especial seriamos em 15, já que alguns fariam apenas a parte alta do passeio, retornando ao café após atravessar o parque de Aparados. Assim partimos.
Após alguns quilômetros a mais pelo asfalto, achamos a saída certa e entramos na terra. Finalmente estava onde gostaria.
Quem entra no parque “por trás”, como entramos, corre o risco de nem ver os cânions. Sorte que tinha um pessoal alteando, que sou a hora de sair da estradinha
Após quase ser extinta, agora se encontra gralha azul com facilidade na região
O primeiro dos sete apoios prestados ao carro de apoio
Descendo a serra do Faxinal, com vista para o cânion Malacara
Violeiros que encontramos no caminho
Já nos arrozais da planície litorânea, onde o primeiro dia terminou.
Turistando em Torres, com a Priscila e o Wilson
O incansável Giba
Esta estradinha, com este sol, não foi fácil
Fim do segundo dia, com muitos arrozais nas cidades de Ermo, Turvo e Timbé do Sul
Primeira vista da serra da Rocinha. Último dia de pedal.
Ótima companhia, e com fôlego para contar histórias subindo 🙂
Esta subida, não acaba não?
Foram 1.150 metros de elevação em uma única subida. Show!
Já parado na descida. hehehe
Lanchonete providencial. Foram nada menos que sete pastéis.
Bela cachoeira, pena que meio fora de mão para um mergulho.
Não dá vontade de morar num lugar assim? Como ainda não é possível, o negócio é arrumar um jeito de ir mais uma vez.
Sinto que devo agradecer à Priscila pelo convite e pela companhia tão especial durante todos os dias. Ao Giba pela organização e companheirismo. E ao Marcelo e demais colegas de viagem pela parceria! Valeu mesmo!
Parabéns, Priscila, Fábio e Wilson por compartilhar conosco esse belo relato e visual. O lugar é de tirar o chapéu!!!
Valeu, mestre. Aquela região merece outras visitas, sem dúvida! Abraço!
Gostaria de saber das condições da estrada da serra do faxinal. pretendo descer de carro, que é um pouco baixo e estou preocupado com isso.
Fernando, a serra do Faxinal está bastante judiada. Seria melhor ir pela da Rocinha, que é bem próxima.