Cresci conhecendo a região como a das “Cidades Mortas”. Este título, não muito elogioso, foi dado por Monteiro Lobato, que descreveu a decadência desta outrora rica região. São cidades que viveram intensamente o ciclo do café, que viram nascer fortunas em forma de grandes fazendas e intenso comércio. Mas, com o declínio da cultura (em grande parte pela absoluta exaustão do solo), as cidades de Silveiras, Areiras, São José do Barreiro, Arapeí e Bananal viram sua importância diminuir. A sentença final foi dada pela construção da Via Dutra, que às ignorou em seu trajeto. Assim, elas ficaram ao lado, acessíveis apenas pela antiga estrada Rio-São Paulo. Pra quem assistiu o filme de animação “Carros”, é uma história semelhante à de “Radiator Springs”.
E foi nesta região que eu fiz a minha primeira viagem de bicicleta, em 1989. Com 15 anos e montado em uma Cruiser Montana, fiz o trajeto entre Lorena e o Bairro dos Macacos, em Silveiras, acompanhado de meu irmão. Da viagem, lembranças da enorme dificuldade da subida da Serra da Bocaina com apenas cinco marchas, de um delicioso frango preparado na fazenda que acampamos e da dor nos dedos de tanto acionar aqueles Dia-Compe na descida. Há dois anos achei uma bike igual largada em uma bicicletaria. Restaurei e hoje está em minha sala. Foto mesmo, nenhuma.
E foi neste espírito, de refazer esta primeira viagem, que parti com meu amigo Waldson para um projeto um pouco maior: fazer todas as cidades da região, hoje nomeada de Vale Histórico, e depois entrar mais na serra, no Sertão da Bocaina. A partida foi na manhã da quinta-feira de Páscoa, logo no local em que a Rio-São Paulo recebe o nome de Estrada (e não rodovia) dos Tropeiros, próximo à Cachoeira Paulista.
Homenagem ao tropeiro, no portal de Silveiras. Aliás, estes simpáticos portais se tornaram “obrigatórios” na região. Toda a cidade tem.
Começando a descer o braço da serra que tem entre Silveiras e Areias
O portal de Areias
Estamos na região certa.
Eu vendia isso quando era criança!
Árvore com sete casas de João-de-Barro
Café após uma cochilada na hora do sol mais forte. Com visita de filhotes de cachorro.
Telesp, Telefônica ou Vivo?
Quase no final do longo primeiro dia.
Já no segundo dia, a serra amanheceu muito bonita.
Este é o começo da subida da serra. Merece um vídeo dedicado à ela
Parada para um almoço no meio da subida. Foi o que nos permitiu chegar!
Ah, o sol do outro lado…
Segundo relatos, é a primeira vez que cicloturistas passam pela região!
Camping Chez Bruna. Perfeito!
Visitando uma hidrelétrica abandonada
Hora de tentar chegar à cachoeira que permite a vista de Angra dos Reis.
Mas com um ambiente cada vez mais estranho, o negócio foi fazer meia volta.
Barracas desarmadas, hora de subir um pouco, até o alto da serra.
E o grand finale em frente à estação de trem de Bananal, feita toda aço.
Pra quem quiser refazer a viagem, seguem os links para os registros de GPS dos quatro dias. Qualquer outra dúvida, é só comentar abaixo.
Linda viagem Fábio, autêntico cicloturismo.
Isso faz um bem, meu caro… Abs
Parabéns parceiro. Só de saber que fiz parte dessas paisagens já me sinto feliz. Logo faremos outras, se Deus quiser! Grande abraço!
Vamos, sim, amigo! Abraço!
Passei pela região da Bocaina uma vez quando estava voltando do Parque de Itatiaia; passando por Penedo e depois por Visconde de Mauá, até chegar à cidade de Bocaina de Minas. Cara, a região da Bocaina é muito linda! Aliás, a Serra da Mantiqueira, na minha opinião, é um dos cartões postais mais belos do nosso Brasil. Quem sabe algum dia a gente não consegue compor uma turma para um cicloturismo na região?
A região é muito bonita mesmo, Wagner! Mas acho que estás confundindo um pouco. A Serra da Bocaina fica do lado oposto do Vale do Paraíba, pertencendo à Serra do Mar. Mas vamos combinar, sim. Vale a visita!
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